25.10.10

contratempos



estou a perder-te para o tempo e tu nem disso queres saber. não te magoam as minhas lágrimas, o meu sofrimento, a minha mágoa. já nada é importante para ti. hoje, a noite esvazia-se e guarda tudo em mim: a escuridão, o frio, o medo. hoje sinto-me abandonada por um beijo que se perdeu, por um abraço que tinha hora marcada, por um vento passageiro que me levou o sorriso. deixaste-te ir devagar e eu aqui a resistir, como quem luta contra maré e consegue erguer a vela, mesmo com a tempestade no mar. resisto, calada, à mudança de tudo isto, a esta rotina pesada e estafante, esperando que algo mude. sem sorte, continuas do outro lado, do menos provável, do menos meu. tenho saudades de ti e do que foste em tempos, mas mesmo com as minhas permanentes insistências, com os meus gritos que chamam por ti, com as lutas diárias consegues ver o que está nos meus olhos. nem o procuras. é o nevoeiro, esse que te cega o olhar e te impede de ver o que eu quero e o que me faz feliz. e sabes o que me deixa mais destroçada? é que para além de o teu olhar não perceber o que o meu diz, nem o teu coração entende o meu. vai na volta e dizes que vai passar, que está aqui, que as coisas mudam. chamas-lhe quê? contratempos? desculpa mas já não consigo acreditar

3 comentários:

leonor disse...

maravilhoso!

jo disse...

acho que entendi o destinatário, ou talvez não.
mas independentemente disso, eu estou aqui, sempre, em qualquer situação.

amo-te sara

Anónimo disse...

adoro tudo o que escreves!