18.2.11

Vital



As ruas da saudade vão-se estreitando à medida que avanço, descalça, à procura de janelas abertas e de sóis, grandes e radiantes, pregados no estendal de casas com cor e com vida, que levam a melhor, face à monotonia que passa por nós na rua e baixa o rosto.
Os momentos eternizados na rua deixam-se escondidos, não viria a vingança e a maldade para roubar o encanto da nostalgia infinita. Procuro instantes perfeitos e sublimes, como quem os caça, sempre à descoberta, sempre livre e solta.
Espero pela madrugada, para caçar instantes a fim de os eternizar, como as mais belas poesias. Queria eternizar os laços e parar o tempo, como nas fotografias, laços esses que nem sabemos bem para que servem, como se formam, como se desatam e porquê que nos fazem sentir tão plenos.
Espero pela madrugada, enquanto o negro dorme e a verdade anda à solta. Procuro instantes e capto a bondade e serenidade pousada. Pretendo mostrar a todos o porquê de tudo isto. A necessidade enorme de dar importância às coisas mais pequeninas, mais bem guardadas, preenchidas de sonhos e de cores.
É vital ter no coração o mar aberto e vibrante. É vital ter uma lua no bolso, que guarda a magia do olhar. É vital a quietude da alma, o fogo da paixão, a consciência de uma vida. Hoje sei o quanto tudo vale a pena, o quanto as memórias podem ser mais presentes que todos os “agoras” que se sucedem sem parar, o quanto as memórias podem ser eternizadas e suspender o tempo.
E podem chamar-lhe tudo. Chamem-lhe nostalgia, chamem-lhe saudade. Chamem-lhe falta de céu, falta de mar, falta de sol. Chamem-lhe frio, chamem-lhe desconforto. Chamem-lhe distância, chamem-lhe perda. Chamem-lhe força, chamem-lhe honra, chamem-lhe glória.
É a vergonha que nos cega e nos ata. É a penúria que nos mata, que nos impede de agir. Que nos prende. Que nos ofende, só com um olhar. Que nos enche a face de hesitação. Que rasga a dor do corpo e a atira às casas outrora cheias de cor e de vida. É brutal a maldade que enche os nossos dias. É a futilidade que nos torna todos iguais. Que escondem os instantes perfeitos e abertos, à luz da personalidade e da vivacidade.
E a doença acaba com tudo. Acaba com a vontade de sermos nós, de escrevermos a nossa própria história. E o que somos nós se não os protagonistas da nossa vida? Nada. A doença arrasa com o resto, destrói caminhos. Acaba com as rotas, com os destinos, com os planos. Entrega a vida à dependência, à monotonia. Já nada nos prende, nada nos move, nada nos faz agir. Qual força, qual vontade. Já nada é suficiente, já nada é capaz. Já não há verdade, nem história. Só um monte de cenas guardadas algures. Não virá alguém mudar tudo.

17.2.11

o vazio da tua presença


não imaginas nem um bocadinho como tem sido difícil. não imaginas a enorme falta que me fazes. o vazio da tua presença consome-me os dias, meu amor

13.2.11

ainda bem que sei, com todas as certezas que nunca mais te quero na minha vida, por muito mais que o teu olhar me cegue

11fev



passaram-se dois anos desde que te conheci 
puseste a minha vida do avesso e com a maior sinceridade do mundo, digo-te que isso acabou por não ser mau. juro que nunca sofri tanto na minha vida, mas também de digo que voltaria a fazer tudo igual, os meus passos, as primeiras derradeiras palavras, a afinidade crescente, a telepatia marcante (sempre marcante, como nunca poderia deixar de ser), a vergonha delicada, que afinava a vontade de conversas, de sorrisos, de passeios à chuva e ao sol, sempre ingénuos, sempre sinceros, sempre puros, sempre nós. sem nunca haver outra jogada a ser feita. 
a naturalidade do gestos fez o que hoje temos, este amor preciso e necessário. eu sei que talvez hoje não seja o que era há dois anos atrás. mas as pessoas mudam, não é verdade? contigo consegui elevar o meu ego vezes sem conta, assim como também o coloquei no fundo de um poço escuro outras tantas vezes mais... retiro um balanço a isto, a nós, ao que vivemos e noto que apesar de sermos tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo, a verdade é que és indispensável. se algum dia duvidei que não estarias, hoje sei que nunca és capaz de me abandonar. 
seja como for, sejamos nós o que sejamos


confesso que me sinto privilegeada em conhecer algo de ti que mais ninguém tem o prazer de conhecer. és abstracto mas conheço-te os traços de cor,  a lua cheia do teu peito e o mar dançante dos teus olhos. sei saber quando comigo és transparente, sei ver o brilho do teu sorriso e não há nada que me faça mais feliz do que isso


há tantos sonhos que tenho contigo, por concretizar. há tanto de mim que ainda te quero mostrar, meu amor

8.2.11

fica bem, rápido!



é pouco o que te posso dizer, porque quando as lágrimas nos afogam a alma que grita desesperada à procura de amparo, não vale a pena o apoio, as mãos, o abraço, o sorriso preocupado, o olhar ternurento, o mimo, a constante chamada de atenção.
eu sei que dói, que o teu coração mais do que despedaçado está em choque, que tudo gelou e que passas na rua e nem sentes o vento. sei que parece que tudo parou. não ouves, nem falas, nem pensas. só sentes. é inevitável não chorar pela perda, é inevitável não sentir a falta, é inevitável ficar à espera, ansiar a volta, ficar na estrada à espera que ele volte. 
a dor é grande, avassaladora, o escuro apresenta-se ao serviço. eu sei, meu amor. 
mas também é inevitável a sincera ajuda, o sincero carinho, a sincera preocupação, os laços que se apertam, que se abraçam, que se fazem manifestar. é terrível ver-te assim, mas egoísta seria da minha parte dizer que fico triste ao ver-te chorar, sabendo que estás a sofrer muito mais do que eu. 
mas terá de acabar. desculpa a minha inocência quando te peço para ter calma (sei que odeias quando digo isso) mas o desespero ao ver-te assim é imenso. desculpa. desculpa não poder fazer mais do que posso, sabes que por mim terias sempre o sol à tua janela e um grande sorriso no rosto, que nunca se iria embora. 
acredito na tua força e na tua capacidade de te ergueres, acredito na tua vontade, na tua garra e na tua coragem e por isso sei que vais ficar bem. temos de dar tempo ao tempo, não é? não podemos resolver tudo de uma vez só, deitando os cacos no abismo. 
a minha mão está aqui, para te ajudar a levantar. não vais cair mais. não vou deixar que o faças. sabes que por  vezes a vida tem destas surpresas, muitas vezes indesejadas, mas a verdade é que para a frente é que é o caminho. 
PRIMEIRO ESTÁS TU, SÓ DEPOIS É QUE VEM O RESTO, não concordas? 
eu sei que concordas. e lembra-te: tu não tens culpa de nada do que está a acontecer, nenhuma culpa. 
amo-te e espero que fiques bem rápido. 

4.2.11

para cuidar de mim


são mais os que vem de passagem do que os que pousam as tralhas no meu jardim preparados para ficar à chuva e ao sol, por baixo de todas as tempestades para mais tarde contemplar o arco-íris. neste fim de tarde, submersa de pensamentos que me inundam os pés com o vai-e-vem da maré, agradeço a presença das conchas que me embelezam a vida, que cuidam da minha casa e a mantêm aberta e arejada, não venha ninguém de surpresa para se instalar.

3.2.11

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a verdade é que eu sempre aqui estive. não me fui embora, não te virei as costas, não deixei de sentir o que sentia por ti, não estou feliz com isto e tenho vontade de te ter por perto. é só isso