19.1.11

só para dizer que posso



procuro-te. o tempo vai e vem, nesta aragem que me sufoca e me prende a voz. nada é aquilo que te digo. pouco. anseio a chegada como se o teu ar sublime e desprevenido fosse a água e o oxigénio que me nutrem. nada disso. o mar bate tranquilo nas rochas, canta e entrelaça-se com nuvens que prometem bonança depois de uma tremenda tempestade. e o resto? penso eu, esquecida, ali, com as gotas de água a cobrirem-me o rosto, como se de magia se tratasse. purpurinas cristalinas, puras, sinceras. com sabor a mar e a saudade. 
odeio-te pela saudade imensa que me enche, como o mar que leva a areia, que envolve a lua em noites abertas como esta, onde a lua protagoniza mais uma noite, onde pessoas procuram algo que não encontram sozinhas, onde encontram sombras que nada dizem, que nada sentem, que tudo escondem... 
a saudade anda de mãos dadas com todo o sentimento verdadeiro, o olhar trai a mentira e põe tudo em claro, a pureza reside sempre por lá, embora por vezes a quiséssemos esconder. o mar ameniza a dor, sara feridas. a lua traz a saudade, a essência traz o regaço, o silêncio traz a matéria, de que são feitos os laços que nos ligam o coração. e mais uma noite de lua branca, completa, traz de volta tudo que um dia foi e já não é, tudo que um dia foi e continua a ser, tudo que um dia foi e será assim, para sempre, pois a essência reside dentro de cada um de nós assim como a força, a garra e as certezas 

1 comentário:

Sabina Silva disse...

Adorei *.*

"a lua traz a saudade" *